Há um discurso forte, praticado por
lideres e pastores contra a dissensão. Seguindo esse discurso vem versículos (1
Sm. 15.23 ) que faz associações entre rebelião e
dissensão, com se as duas fossem a mesma coisa. Devido isso, a dissensão
provoca uma aversão enorme no interior das igrejas, sem uma reflexão. Diga-se
de passagem, refletir, pensar, raciocinar não agrada a maioria das pessoas.
A diferença entre as palavras
rebelião e dissensão são curiosas. Rebelião significa ato ou afeito de
rebelar-se; levante. Já o termo dissensão significa divergência de opiniões;
dissidências. Portanto, não há como as duas palavras serem sinônimas.
Após
uma década servindo a Deus e trabalhando para o Senhor Jesus, vejo que o
discurso veemente contra dissensões é meramente um instrumento de controle e
manipulação, usado no seio da igreja para tão somente dominá-la. Analisemos
esta demanda (dissensão) na Bíblia e pela Bíblia.
A
palavra dissensões é encontrada cinco vezes no Novo Testamento na nossa versão
portuguesa, derivada de termos diferentes da língua grega. No presente artigo
focalizemos para analise a palavra encontrada na primeira epistola aos
coríntios, no capitulo um e verso dez e também capitulo onze versículos e
dezenove da mesma epistola.
Vamos
estudar os versículos - Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós
dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer (1
Co. 1.10). A palavra σχισμα
(skisma) traduzida como dissensões, significa divisão, cisão, operada por meio
da força física para destruir uma unidade. Paulo estava falando de dissensões
que gerava conflitos físicos, violentos. Esse tipo de comportamento não
condizia (e não condiz) a igreja de Cristo. Por isso o apóstolo dos gentios
encorajava a igreja de Corinto a excluir tal situação do meio da Noiva de
Jesus. A igreja estava dividida em quatro partidos que gerava violência verbal
e física uns contra os outros. Os partidos eram os de Paulo, de Apolo, de Cefas e os de Cristo.
Olha outro absurdo registrado pelo profeta Isaias - Eis que
para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis
como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto (Is. 58.4). As pessoas
estavam jejuando para tão somente debater e brigar uns com os outros, chegando
ao ponto de alguns trocarem socos (punhos). Situação semelhante estava
acontecendo com os crentes de Corinto.
Observemos outra situação impar de dissensões na
mesma igreja - E até importa que haja
entre vós dissensões, para que os que são sinceros se manifestem entre vós
(1 Co. 11.19). Aqui é usada a palavra αίρεσις
(hairesis).
Esse termo tem o sentido de suscitar divisões ou dissensões por opiniões
diferentes; cisão motivada por variedades de pensamento, ou seja, ideológica e
não física. O que estava acontecendo naquela igreja para provocar tal perturbação?
Havia
grande discriminação no seio daquela igreja. Segundo alguns, antes, da
celebração da Ceia do Senhor naquela cidade, acontecia uma “fraternização”
denominada festa ágape (festa do
amor). No entanto essa festa motivava imensa discriminação e acepção. Os pobres
e os escravos, quando chegava a festa, não comiam nada, porque os ricos já
havia comido e bebido tudo. Alegando que só podia comer as pessoas que tivessem
contribuído. Outros membros da igreja não concordavam com essa situação. Condenava-a
com vivacidade, promovendo uma dissensão ou separação entre verdadeiros
(sinceros) e não verdadeiros (injustos). Essa dissensão era boa, positiva,
porque distinguia em outras palavras, o joio do trigo.
Concluindo,
nem todas as dissensões são malignas (maldição). Pelo contrario, há algumas que
são divinas (benção), positivas, A classificação entre as duas será
determinada, pelo contexto, pela causa e pelos motivos. Precisam existir certas
dissensões (divergências de opiniões) para que a vontade de Deus e sua palavra
sejam ensinadas, praticada corretamente. As dissensões poder ser bênçãos ou
maldição, dependendo da situação ou do caso. Essa é a realidade.
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