Quem herdará a Terra?
Luiz Felipe Pondé
A sociedade secular moderna está condenada. E por
quê? Por uma razão muito simples: as mulheres seculares (sem prática religiosa
cotidiana) não querem ter filhos. Quando têm, têm um ou dois no máximo.
A emancipação feminina tornou as mulheres inférteis
por escolha. Estranho? Nem tanto, vejamos.
Quem herdará a Terra? Os religiosos
fundamentalistas cristãos, judeus e muçulmanos. Suas mulheres têm muitos
filhos, e as nossas não. Para as nossas mulheres, filhos só depois dos 35,
depois da pós, com maternagem terceirizada caríssima. O individualismo moderno
nos deixou a todos estéreis e histéricos.
Não, não estou criticando a vida secular nem
defendendo a vida religiosa radical. Parafraseando o dito popular, "não é
política, imbecil, é demografia".
Nós, seculares, que em grande parte temos simpatia
pela teoria evolucionista, esquecemos que seleção natural é demografia. Podemos
ter muitas ideias de como o mundo deve ser, mas os fundamentalistas têm mais
bebês. E quem decide no final das contas é a população de bebês. Mulheres
férteis implicam civilização poderosa.
Essa é a hipótese do livro escrito pelo canadense
Eric Kaufmann, professor de política da Universidade de Londres. Claro que os
"progressistas" o criticam e acusam a ideia de ser propaganda
fundamentalista --como é comum em nosso mundo em que a inteligência cedeu lugar
às políticas da difamação.
As suspeitas de que riquezas e conforto (causas
culturais e econômicas, e não biológicas) diminuem a fertilidade feminina estão
presentes desde a Grécia e Roma (Cícero já falava disso). Adam Smith, no século
18, chamava a atenção para o fato de que o "luxo e a moda" tornam o
sexo frágil desinteressado na maternidade.
Já por volta do ano 300 da Era Cristã, os cristãos
somavam 6 milhões, enquanto no ano 40 eles eram uns poucos hereges coitados.
Logo conquistaram o Império Romano. E não só por conta das mulheres romanas
serem vaidosas, ricas e interessadas em sexo, mas não em filhos (exatamente
como as nossas). Os homens pagãos eram mais violentos e menos atentos a
mulheres e filhos enquanto os cristãos eram do tipo família.
O fator fertilidade não é o único, claro, mas é um
fator que em nossos debates inteligentinhos não tem sido levado em conta com a
devida reverência.
Enquanto as mulheres seculares hoje têm cerca de
0,5 filho por mulher pronta para maternidade (a partir dos 15 anos), as
religiosas (no caso aqui específico de grupos como evangélicos
fundamentalistas, amish, menonitas, huteritas e judeus haredi ou ortodoxos)
variam de 2,1 a 2,4.
No caso do Estado de Israel, por exemplo, a cada
três crianças matriculadas no jardim da infância, uma é haredi. Depois do
Holocausto, os haredi eram uma população quase insignificante. Em países do
leste do mundo, como Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Austrália e Nova
Zelândia, o quadro é muito próximo do Ocidente moderno.
A medicina, o saneamento, a tecnologia e Estados
mais organizados diminuíram a mortalidade tanto das parturientes quanto das
crianças. O efeito imediato foi o crescimento populacional na geração dos
"baby boomers". Mas, já no final dos anos 60, as mulheres americanas,
canadenses e europeias ocidentais começavam e declinar em fertilidade.
Por quê? A causa são os "valores"
seculares. Nós investimos na vida aqui e agora e na realização de desejos
imediatos. E, para piorar, as universidades ficam publicando pesquisas dizendo
que casais sem filhos são mais felizes. Além de não termos filhos, ainda
fazemos passeatas para matá-los no ventre das mães com ares de "direitos
humanos".
Família cansa, filho dá trabalho, custa caro, dura
muito. Os seculares escolhem não ter filhos, os religiosos escolhem tê-los.
Mas não é só a fertilidade que coloca os religiosos
em vantagem. Os grupos mais fechados detêm uma alta retenção da sua prole:
colégios comunitários, shoppings, redes sociais, colônias de férias, casamentos
endógenos, calendários festivos, baladinhas de Jesus (ou similares). Sempre
juntos.
Enfim, a pílula vai destruir a civilização que a
criou. Risadas?
Divulgação: www.juliosevero.com
0 comentários:
Postar um comentário