COMO COMEMORAR O CENTENÁRIO DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE FORMA DIFERENTE?
Por Luciano Rogerio
Esse ano a Assembleia de Deus (AD) brasileira comemora seu primeiro centenário. Será celebrado por todo o Brasil, no mês de junho, com congressos, festividades, etc. Mas antes de revelar como estou festejando o centenário, queria expor algumas indagações e reflexões.
Para iniciar, vamos reportar um pouco de história eclesiástica moderna. Os grandes avivamentos erigidos por Deus (Pietismo – 1675; Wesleyano - 1739; Quacres - 1780 ) durante a história perderam a força antes de completar cem anos. O fervor destes avivamentos, acabaram se descaminhando, perdendo a direção, os princípios, antes mesmos de alcançar um centenário (3 ou 4 gerações), necessitando novamente de outro avivamento (purificação). E a AD está precisando ser reavivada ou renovada? É evidente que sim! Há tempo que a mesma se distanciou da “visão” dos missionários Gunnar Vingren (1879-1933) e Daniel Berg (1884-1963). Quero sinalizar alguns sintomas que esclarece que as coisas não estão nada bem... E que o grande paradigma (Jesus salva, cura, batiza com Espírito Santo e em breve voltará) dos suecos já se submergiram. Pior, o que eles temiam aconteceu: a AD se tornou uma denominação. Para Vingren, denominação fala mais de si do que de JESUS. Portanto, o termo tinha um conceito negativo – Agora não falavam mais da sua denominação, mas somente de Jesus [...] (Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren, CPAD, 2000, p. 54)
PRIMEIRAMENTE quero abordar o problema mais comum do universo AD que geraram outros mais: a disputa pelo poder e influência. O primeiro e o maior problema dentro da nossa igreja não são questões teológicas, mas poder misturado com autoritarismo e postura antidemocrática. A primeira disputa surgiu ainda em 1930. Enquanto Deus estava abençoando sua Obra no Brasil. Satanás já agia no coração dos obreiros brasileiros que queriam assumir a direção da igreja. Isto foi registrado por Gunnar – (...) por motivos de algumas dificuldades entre os missionários e os irmãos brasileiros sobre a direção do trabalho, e a pedido dos missionários, o irmão Lewi Pethus viajaria ao Brasil de 15 de julho até 15 de outubro (Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren, CPAD, 2000, p. 162, 163). Os pastores brasileiros já não aceitavam está sob a coordenação e direção dos missionários suecos. A igreja de Cristo deveria ser o lugar mais democrático por excelência. Essa lepra (sede de poder) já causou várias divisões e ainda irão gerar outras mais.
O SEGUNDO sintoma é uma extensão do primeiro. O poder que muitos buscam, gera um sentimento de propriedade para com as igrejas ou campos. Se tornando um patrimônio privado e familiar. É comum hoje um pastor presidente que está, a vinte, trinta, quarenta anos a frente de um campo, indicar de forma direta seu sucessor. O curioso é que o “Espírito Santo” só recomenda uma pessoa de ligação parental. Quando o pastor presidente não tem um filho, um genro acaba assumindo a sucessão (dinastia). A maioria aceita isso numa boa! Na igreja primitiva um dirigente ou pastor era indicado pelo Espírito Santo e confirmado pela igreja local. Hoje a sugestão é meramente humana (parental) que desce “goela abaixo”. Há ainda aqui espaço para falar das barganhas de campos. Atualmente para retirar um pastor de um campo é uma... Às vezes a igreja não vai bem. A obra sofre. Mas o cidadão da situação (governo) não renuncia. Pensa mais nos seus deleites (2 Tm. 3.4) do que no amor pela obra... Só sai de um campo para outro maior. É a famosa barganha. Já houve situações que igrejas (campos) foram vendidas por certa quantia, como se fosse uma fazenda cheia de gado.
TERCEIRO sintoma, a AD foi uma igreja fundada por arminianos (crença no livre arbítrio). Porém hoje há vários calvinistas (crença que tudo já predeterminado por Deus) ocupando cargos de destaques e influência, fazendo o compromisso da evangelização (individual e coletiva) atrofiar. Despertando um espírito de conservação de membros apenas. É fato que as igrejas que professam ser calvinistas têm seu crescimento menor, comparado com as igrejas arminianas. Com isso assistimos outras denominações crescer assustadamente e ajuntar mais pessoas que nós, que gabamos ser a maior igreja evangélica brasileira. Por que isto? Porque são igrejas que estão fundamentadas na crença arminiana. Voltemos à comemoração em si.
UM PANORAMA GERAL DA COMEMORAÇÃO
A celebração do centenário está fragmentada. Está dividida em dois pólos ou extrema: Jose Wellington e Samuel Câmara. Seria isto uma batalha entre progressistas e conservadores? Ou a luta da tradição com a Bíblia? Não sei...
Compreendendo a rivalidade existencial entre os dois lideres. Samuel Câmara lançou chapa para concorrer à presidência da CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Perdeu as eleições... Como já disse anteriormente não há esfera para democracia dentro da AD em determinados lugares. A partir de então, a situação (Jose Wellington) passou a considerar a oposição (Samuel Câmara) como um inimigo em potencial. Essa polaridade ainda é mantida na própria comemoração do centenário. Diga-se de passagem, a igreja que está completando realmente cem anos é a AD de Belém/PA.
A AD de Belém irá celebrar o centenário em 16 a 18 de junho. Para isso construíram um Centro de Convenções com a capacidade para 20 mil pessoas sentadas. Até a igreja Assembleia de Deus de Madureira já confirmou a presença com várias caravanas no evento. Enquanto “nós” estamos desconjuntados.
A CGADB, liderada por Jose Wellington com intuito de dividir, apagar a celebração da verdadeira aniversariante, a AD de Belém. A Convenção Geral (Jose Wellington) irá realizar sua “festa” particular uma semana antes da programação da AD paraense. Brincadeira heim? Não poderia somar, organizando um evento único, embasado na unidade que requer o corpo de Cristo? Com essa estratégia quer impedir que os obreiros retornem na próxima semana para celebração organizada pelo Samuel Câmara ou da AD de Belém. De uma coisa tenho absoluta certeza: esse festejo despedaçado não está agradando em nada a Cristo Jesus.
COMO ESTOU COMEMORANDO O CENTENÁRIO
A minha comemoração... Bom... Diante desse quadro, resolvi fazer também a minha celebração particular. Estou relendo o diário de Gunnar. Estou chorando como uma criança, sentindo a presença de Deus, do doce Espírito Santo de forma inesquecível. Estou relendo e comparando com a atualidade. Quanta diferença! Estamos distantes... Afinal tornamos em uma denominação. A cada pagina é uma renovação operada pelo Consolador. Recomendo a todos que leia ou releia esse diário!
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!!!
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